sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Liberdade

Entre um marasmo, quase comatoso, conspurcador de um bulício alegre e vivo de tempos passados e uma tranquilidade ensombrada pelas novas realidades. Entre uma familiaridade natural, visceral, invencível e um fosso enublado de desconhecido, de vazio...
Que terás tu ainda para oferecer!?...
Sophia

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Deslumbramento

"O prazer que experimentamos em ocasiões como esta desorienta a mente - se o olhar tentar seguir o voo duma borboleta garrida, fica entretanto preso numa qualquer árvore ou fruto estranhos, se observarmos um insecto, a flor em que ele repousa consegue que dele nos esqueçamos...a mente é um caos de deslumbramento."
(Charles Darwin)
As palavras do mestre, aqui para um dos animais que o inspirou, a piranha do amazonas.
Sophia

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Al-Ribat

Local de oração!? Certamente, em tempos!
Agora, e para mim, talvez, local de veneração, de contemplação, de reflexão, de inspiração,...Tentar encontrar mais palavras ou definições para quê!? Esta imagem (e outras similares) valem por elas todas...
Sophia

sábado, 1 de agosto de 2009

Ponto Final

Fim de linha, fim de etapa, fim de trabalho, fim de um cansaço acumulado e sem medida, fim de rotineiros almoços, mas não fim do caminho! Porque esse continua já ali, um pouco mais adiante.
A seguir, um novo início, que de novo não sei que terá.
Fim de tanto e, ao mesmo tempo, de quase nada!
Sophia

domingo, 14 de junho de 2009

"Siricaias"

Não são "siricaias", como um pequeno ingénuo e feliz, de modo patusco, lhes chamou. Não são "siricaias", nem cericaias, nem cericás... Chamam-lhes Suricatas...
O que são!?
São seres protectores dos seus iguais, vigilantes por si, mas sobretudo pelos que lhes são próximos. Seres sociais, cuidadores dos restantes e, por isso, cada um sempre cuidado, mesmo que não por si. Sempre de sentinela à espera de algo, algo que, neste ambiente, a maior parte das vezes, não vem.
Outros seres também se vestem deste cariz social, mas sem responder a todas estas permissas. Quando isso acontece, também alguns deles ficam sempre à espera de algo que não chega.
É o preço a pagar por se querer ser social na falta de compromissos reais de todos os congéneres.
Sophia

domingo, 29 de março de 2009

Lisboa Revisitada IV: Cantinho de Outros Tempos

Num dos recantos nascidos da perpendicularidade das linhas da Basílica dos Mártires (Chiado, Lisboa), encontro este poeta de outros tempos. Uma estátua, de facto, me parecia inicialmente, tamanha a sua quietude e pormenor que fiquei momentaneamente confusa. Mas, em segundos realizei: era uma estátua viva do nosso poeta maior, Luís de Camões, com uma caracterização extraordinária, cada pormenor pensado para a sua melhor concretização.
Dei dois passos atrás, observei melhor aquele que vestia Camões, interpôs-se uma outra caminhante que colocou, na caixa martelada de metal, uma moeda. Este nosso Camões encetou uma poesia dedicada a esta senhora, Alma Minha Gentil Que te Partiste. Enquanto isso, eu fotografava, tentava captar todos os seus maneirismos de época tão bem conseguidos, as suas poses, a sua entoação, tudo, tudo, nas minhas fotos e na minha mente. Borbulhavam questões. Tirei também uma fotografia para a senhora.
Depois, parei, coloquei eu também uma moeda no "cofre de Luís" e coloquei todas as perguntas que me dançavam na cabeça. Durante a conversa fiquei a saber que, em Barcelona, estas estátuas vivas, animadoras das ruas, das gentes e disseminadoras de cultura são por demais frequentes a cada canto, ao passo que ali, em Lisboa, a Câmara Municipal exige a este Camões e a outros uma licença. E é esta a razão para Luís apenas ali estar esporadicamente. Satisfeita a minha curiosidade, o nosso lírico relembrou que, tendo colocado a moeda, também eu tinha direito a poesia. Poesia rica em gestos, expressividade, entoação e classe a que assisti deliciada:

"Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura."
(Luís Vaz de Camões)
Sophia

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Lisboa Revisitada III: Enquadramento Quase Perfeito

Cai a noite sobre a cidade. E o que vejo para lá deste pequeno pórtico é avassalador! Como em torno desta moldura pequenina se agiganta a maravilha que encerra! Como se estende para lá do que os meus olhos conseguem contemplar e do que a minha objectiva consegue captar! Como é bonita à luz trémula da noite que chega, cá do alto! Um enquadramento sem defeitos para o fechar do dia e quase perfeito em termos absolutos!
Enquadramento desafiador, atiça a disputa entre as duas titãs! Não fora outras imagens de outros pórticos, graníticos, que para lá do plano físico, assaltam aos contornos desta janela de pedra, não haveria dúvidas...
Sophia

Deslocamentos

Aí estás tu, sem ter de onde haver caído! Aí estás tu, sem, contudo, se ver uma única árvore num raio de centenas de metros! Levou-te o vento de algures desconhecido, e colou-te a água aí onde estás agora, e congelou-te um frio desmedido. Aí estás, presa e isolada, num ambiente que não é o teu e onde não há outras como tu!...
Talvez se te juntem outras como tu, aí onde estás. Talvez te devolvam aonde vieste, ou pelo menos, a um contexto que te não seja completamente antagónico.
Sophia