Num dos recantos nascidos da perpendicularidade das linhas da Basílica dos Mártires (Chiado, Lisboa), encontro este poeta de outros tempos. Uma estátua, de facto, me parecia inicialmente, tamanha a sua quietude e pormenor que fiquei momentaneamente confusa. Mas, em segundos realizei: era uma estátua viva do nosso poeta maior, Luís de Camões, com uma caracterização extraordinária, cada pormenor pensado para a sua melhor concretização.


"Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura."
(Luís Vaz de Camões)
Sophia